Não sou uma pessoa muito supersticiosa, mas tenho alguns
rituais e um deles, é fazer o mapa astral. Esse ano fiz, um dia depois do meu
aniversário. Como de costume, matei a saudade do meu guru, o João, e ouvi dele
algumas coisas que eu já sentia e outras que eu precisava escutar.
Analisando meu mapa (e minha vida), percebi que as coisas
tinham mudado muito em pouco tempo. Velhos hábitos que se foram, novas amizades
que surgiram, uma cidade nova, uma casa nova, um amor pra toda a vida, enfim,
muitas mudanças, físicas e espirituais.
Mas o grande baque, a "caída da ficha", foi quando
ele me perguntou: _ Quando tu foi embora, tu sentiu que perdeu ou que te livrou de algo? E eu respondi, senti que eu me livrei, que eu não pertencia mais aquele
lugar.
Interessante como, às vezes, olhamos para trás e percebemos que perdemos um tempo inestimável com circunstâncias ou pessoas que não valiam a energia que despendemos. É como olhar de uma vida para outra vida... Entretanto, a mudança também depende do abandono de velhos hábitos!
Não nego que passei um tempo no limbo, sem me sentir em casa
nem cá, nem lá, mas como dizem que tudo que é nosso encontra um caminho pra
chegar até nós, o que foi destinado pra mim, me encontrou, e com o bônus de ter
sido no momento certo.
É certo que tenho raízes e um lugar pro qual voltar, que
tenho amigos inestimáveis que ainda estão lá, e dos quais eu sinto saudades,
mas percebi que meu cordão umbilical foi cortado, posso voltar sem dores, sem
dramas... gozar apenas das alegrias.
Lidar com a ansiedade de querer as coisas no "nosso
tempo" e não no tempo certo é que faz com que criemos expectativas que se
tornam decepção. É preciso esperar. Nada é por acaso, nem o amor e nem a dor.