Tá difícil, gente! Difícil mesmo ver
o quanto as pessoas deixaram de ver e ouvir, cegas e surdas pelos próprios
argumentos. Tá difícil ver, depois de tanto tempo de ausências, de tantas
partidas, gente que fala em empatia sem se colocar no lugar do outro, que se acha
mais digna, mais honesta, mais entendida, mais qualquer coisa que o outro e se
esconde atrás da desculpa de ter personalidade forte, quando na verdade é
apenas mal-educado. Tá difícil ver tanta gente fazendo juízo de valor sobre as
dores (e escolhas) alheias, sem nunca ter vestido a pele do irmão. Tá difícil pra
cacete enfrentar a vida quando ninguém quer abrir mão de nada e se acha dono da
razão.
Tenho exercitado a empatia. Não essa
que é fala bonita e politicamente correta nas redes sociais. Tenho tentado na
essência. E em uma sociedade tão polarizada quanto a da atualidade, a cada novo
dilema, tenho aplicado a metáfora do rio. Me pergunto primeiro de que lado do
rio estou. Se estou do lado em que vejo o rio correr para a direita, me questiono
como é estar do outro lado, vendo o rio correr para a esquerda. Porque é
exatamente isso: uma questão de ponto de vista!
Diante de tal ambiguidade, me
pergunto: e se fosse eu? Se eu estivesse do lado de lá, no lugar do fulaninho
(a), o que eu faria? Qual seria a minha conduta? Quanto vale o sonho, o suor, o
trabalho do outro? De verdade, eu entendo os argumentos de quem está do lado de
lá, dos que estão do lado de cá e até mesmo dos que escolhem ser correnteza,
levando tudo por diante sem se preocupar com quem está nas margens. Empatia é
isso! Mas me pergunto de que adianta argumentar que o rio corre pra direita com
quem o está vendo correr pra esquerda (e só quer ver assim)? O inverso também
se aplica. Então, qual o propósito do tão clamado diálogo se nenhum dos lados
aceita ceder? Se por trás de cada fala, há pouco de ideologia e muito de
interesses pessoais/particulares? O fanatismo, seja político, religioso ou doutrinário,
nunca nos levou a lugar nenhum!
Em quantas oportunidades tivemos
a chance de ser ponte, fosse aproximando amigos, extinguindo fofocas ou apenas
ouvindo os argumentos alheios, e decidimos ignorar a chance e deixar o problema
crescer, até se tornar uma ruptura instransponível? Quantas vezes poderíamos
ter usado da diplomacia, mas, ao invés, preferimos as ofensas, os gritos e a grosseria?
Pela vaidade de estar certo? De apontar defeitos? Para ter a última palavra?
Tá difícil, gente! Cada vez mais! E enquanto eu
acho cada vez mais difícil, vejo gente que eu admiro revelando uma imaturidade
gigantesca. Vejo um monte de gente preferindo ter razão a ser feliz e nessas de
toma lá dá cá, de olho por olho, vamos todos acabar cegos.
Talvez
eu já tenha escrito sobre esse tema - olhando agora e fazendo um retrospecto
deste blog percebi que já escrevi muito mais do que me lembrava – mas ainda assim
vale a reflexão. Nos últimos dois ou três anos, comecei a encarar algumas
situações com um olhar mais crítico, reflexos da maturidade, creio eu, e,
talvez por isso, eu tenha ficado tanto tempo sem publicar aqui (isso e a
conclusão da faculdade, o início de uma pós, a criação de uma empresa e o
trabalho constante associados ao início de uma pandemia, uma conta na Netflix,
outra na Amazon Prime e, mais recentemente, uma assinatura da Disney Plus).
Mas
a verdade é que tenho preferido ser feliz a ter razão, e só isso já é motivo suficiente
para guardar minhas opiniões apenas pra mim – e, às vezes, para os amigos mais
chegados.
Acho
que a pandemia tem um ‘tiquinho’ de culpa nessa decisão, especialmente porque
acabo tendo mais tempo – e cada vez menos vontade – de usar as redes sociais.
Sério, gente, nos últimos tempos está difícil ser feliz e ter razão concomitantemente.
Não sei se as pessoas estão inquietas por causa do distanciamento social, ou se
a fantástica vida maravilhosa compartilhada nas redes tem provocado insatisfações,
mas a verdade é que quase toda postagem vira motivo de ressentimento.
Eu não preciso gostar do que todo
mundo gosta, nem do que mídia me apresenta. Minha mãe já dizia que eu ‘não sou
todo mundo’. Ela me ensinou que caráter e personalidade são características que
posso desenvolver. Bem, mãe, eu desenvolvi.
Mesmo sem raízes profundas no
tradicionalismo, desde os 12 anos – quando fui ao primeiro fandango da minha
vida como acompanhante de uma prima – me apaixonei pela cultura gaúcha e seus
elementos. Não vou entrar aqui no mérito do tradicionalismo como instituição.
Me refiro à tradição em sua origem, o gosto pela pilcha, pelo mate, pelo
churrasco e a conversa franca e honesta ao pé do fogo de chão. Desde então,
minhas preferências musicais, literárias, artísticas e culturais têm se
referenciado nessa fonte. Leio de tudo, me interesso por tudo, ouço de (quase!)
tudo.
Por que o quase? Tenho visto nas
redes um bando de gente que reclama da música ‘imposta’ pela mídia – eles falam
em especial da Globo, que projeta nomes como Anitta, Pablo Vittar e Jojo
Todynho (???) (Eu nunca tinha ouvido falar dela e ainda não sei qual é a sua
música ‘famosa’. Me esclareçam, por favor.). No entanto, grande parte dos
reclamantes são os mesmos que, quando estão na balada dançam até o chão quando
toca esse tipo de música.
Que fique claro que não estou
criticando quem gosta. Cada um tem o direito de gostar do que quiser, assim
como eu tenho direito de desligar o rádio quando toca qualquer coisa que me
desagrade. A função dessa publicação não é fazer juízo de valor sobre a música
ou qualquer tipo de arte, é declarar o direito de não ouvir (ou ouvir, se for o
caso!).
A mídia oferece aquilo que o seu
público consome. Anitta está no topo das paradas, não porque aparece seminua na
TV (ou sim?), mas porque tem quem ouça (e muito!) suas músicas, acesse seus
clipes e os compartilhe e promova nas redes sociais. Em suma: lei da oferta e
da procura! É claro que quanto mais oferta, maior o número de consumidores.
Ontem, 08/02, músicos gaúchos se
reuniram na sede do MTG para discutir o futuro da música regional. E entre as
constatações, eles se deram conta de quanta energia desperdiçam (e nós,
consumidores, também!) debatendo se a música que vem de fora é boa ou ruim
(Isso também serve pro BBB. Não gosta, desliga a TV ou troca o canal), ao invés
de nos dedicarmos a promover o que é nosso e agregar novos consumidores ao que
produzimos.
Temos aqui no Rio Grande do Sul,
uma produção invejável de boas músicas, talentos incontestáveis do cancioneiro
regional, grupos que se dedicam a preservar a tradição, mas, apesar de tudo,
nossa música se restringe às nossas fronteiras. O problema é nossa mente de
colonizado, que continua nos impondo a visão de que a grama do vizinho é mais verde
e que a música importada é melhor. Ledo engano!
Fazendo um paralelo ao chimarrão
(que também não sai daqui!), sempre afirmo nas palestras que o mundo não toma
chimarrão porque o gaúcho não conhece seus benefícios e propriedades.
Importamos chá verde, um dos mais consumidos do planeta, porque faz bem para
saúde, mas desconhecemos o que o chimarrão nos proporciona (é considerado o chá
mais completo do qual se tem conhecimento) além do hábito.
O chimarrão existe há mais de 500
anos, foi utilizado pelos índios guaranis desde muito antes do descobrimento do
Brasil, enquanto o café é consumido há uns 300. Mas o mundo consome café. Por
quê? Porque enquanto os produtores de erva-mate se digladiam pelo mercado
interno, os cafeicultores convencem seus consumidores que bom mesmo é tomar
café! O mesmo serve para música gaúcha.
Enquanto nos atermos a discutir a grenalização musical: se a minha é melhor que
a tua - continuaremos chimarrão. E penso que já passou da hora de nos tornamos café
– doce, forte, atraente e comercialmente viável.
Entretanto, do meu ponto de vista
(olha eu aqui de novo!) essa mudança começa em mim. Temos que parar com essa
ideia de que em casa de ferreiro o melhor espeto é o de pau. Temos que parar de
criticar (e assistir) Pablos, Anittas e Todynhos (Crítica também da IBOPE!!) e
começar a valorizar Alexandres, Jocas e Fernandos. Somente consumindo o que os
nossos músicos produzem é que fortaleceremos o mercado fonográfico do Rio
Grande do Sul. E não me venham com esse mimimi de que as letras são difíceis e
os ritmos são repetitivos. Hoje, temos músicas e artistas para todos os gostos.
Quer saber? Tem mercado para todo
mundo e, graças a Deus, a internet tá aí pra nos libertar! Ao contrário do que
muitos pensam, a gauchada é esclarecida e sabe usar perfeitamente o Spotify,
Youtube, Soundcloud e todas as outras plataformas disponíveis. Então, bora
reclamar menos e ouvir mais do que nos enche o coração e faz bem para alma? Eu
escuto música gaúcha, e você?!
Há algum
tempo, especialistas em comunicação têm discutido qual será o futuro do
jornalismo. Crises econômicas e leitores cada vez mais voltados para o digital
são alguns dos fatores que geram terríveis dúvidas sobre os rumos da profissão
e seus conteúdos. Entretanto, a internet não é apenas um vilão. Do ponto de
vista de alguns estudioso, é nela que habita a solução. Será mesmo?
O termo snowfall já é uma realidade. Atualmente,
refere-se a um formato de reportagem multimídia, que engloba textos longos, imagens
estáticas e em movimento, além de vídeos, hiperlinks e outras funcionalidades.
O nome é referencia à primeira grande reportagem deste tipo, elaborada pelo New
York Times e que contava, com riqueza de detalhes, a história de uma grande avalancha
de neve no estado de Washington, norte dos Estados Unidos, que matou três
atletas profissionais de snowboard. A
interação do leitor com o formato da reportagem – quem lê sente-se imerso no
conteúdo e consegue entender a história mesmo que pule algumas partes – transformou
o formato em um grande sucesso que, além de premiado, serviu de modelo para renomadas
empresas editoriais em todo o mundo.
No Brasil, empresas como a Zero Hora, Folha de São Paulo e
Uol são alguns exemplos de utilização deste modelo. A ZH chama suas grandes
reportagens de fôlego de especiais e, além de uma versão impressa, geralmente
nos finais de semana, disponibiliza o material em sua página numa aba exclusiva
para este tipo de conteúdo. A última grande matéria proposta pela ZH, trata dos
atendimentos e das vidas salvas pelo SAMU.
A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, também não passou em branco e foi alvo
de inúmeras reportagens. A mais conhecida foi elaborada pelo G1, sob o título ‘A
vida após a lama’, e relatou a realidade de quem
perdeu tudo com o acidente. Em geral, utilizam-se plataformas como o Medium e o
Atavist, sites que suportam o uso de diferentes mídias colocando-as em completa
interação do conteúdo com o leitor e que podem ser utilizadas com acesso
gratuito. No entanto, grandes empresas contratam designers e diagramadores para
desenvolver seu próprio ambiente digital, oferecendo, em alguns casos, acesso
exclusivo aos seus assinantes.
Mas enquanto alguns acreditam tratar-se o formato snowfall o futuro do jornalismo, muitos
ainda o questionam. Entre as dúvidas que pairam no horizonte da comunicação
multimídia, o custo deste tipo de reportagem e a necessidade de tempo e
profissionais para a investigação da pauta são só as primeiras nuvens que
prenunciam a tempestade. A utilização excessiva de mídias e os textos muito
longos, em geral abordando ‘pautas frias’ também são questionados quando o
assunto é jornalismo. Especialistas como Mandy Brown debatem sobre o alcance
deste conteúdo e afirmam que jornalismo é ineditismo e novidade, e que por mais
que estes conteúdos sejam bem elaborados e escritos com uma intimidade
encantadora, elas merecem bem mais do que algumas horas de capa nos sites de
suas empresas. Mas em dois ou três dias acabam relegadas ao esquecimento, soterradas
sob as dezenas de títulos sobre política, economia ou celebridades.
Outra variável que precisa ser levada em conta quando o
assunto é jornalismo multimídia, é a possível mudança no uso da internet no
Brasil. Se o fim da internet ilimitada tornar-se uma realidade, as empresas
brasileiras de comunicação precisarão mais uma vez se adequar à novidade, já
que, certamente, os leitores pensarão duas vezes antes de acessar qualquer tipo
de conteúdo, especialmente aquele que venha a consumir grande quantidade de
dados da sua franquia.
A verdade é que quando o
assunto é o futuro do jornalismo pouco, ou quase nada, está definido. A
tecnologia oferece grandes e atrativas possibilidades, mas o que faz um
conteúdo tornar-se relevante e despertar o interesse dos leitores é a forma
como a matéria é escrita. E, creio eu, neste caso, a boa e velha apuração dos fatos,
a seriedade na escrita e a paixão do jornalista jamais serão substituídos por
qualquer ferramenta tecnológica.
Ok! Ok! Eu já fui xingada o suficiente pelos pares aqui de casa por ter abandonado as postagens do blog. Eles insistem que sei escrever, eu discordo. Isso porque, em geral, se acredita que escrever é um processo de iluminação divina que cai do céu sobre nossas cabeças e nos inspira inexplicavelmente. Mentira! Se fosse assim, seríamos todos gênios! Na verdade, tudo é treino. Até a criação.
Estimular o cérebro nos faz criar mais e melhor. É claro que precisamos de referências e embasamento, mas sair da zona de conforto - e preguiça - já é 50%. Enfim, voltemos ao blog. Poderia dizer que parei de escrever porque me faltava tempo, porque estava ocupada, porque a faculdade estava me sugando, porque tinha muito trabalho, mas a verdade - nua e crua - é que me rendi ao ócio. É muito mais fácil, depois de um dia complicado, me atirar no sofá e deixar o cérebro em repouso. Comer um chocolate, tomar um vinho e proporcionar um pouquinho - só um pouquinho - de prazer pro corpitcho, não é?
No fundo, acho que a minha ausência vai além. Parei de escrever porque considero que as minhas filosofias de botequim são desnecessárias na rede. Já tem tanta porcaria escrita por aí que, no fim das contas, era melhor parar antes de lotar a internet de bobagens. Mas aí, depois de muitos pedidos - no caso dois, porque aqui em casa são apenas 3 pessoas - percebi que a criação, assim como a leitura é livre, então voltei a escrever - é mais forte do que eu! - mesmo que pouca gente - ou ninguém - leia.
No entanto, penso em variar os temas. Usar um pouco do que tenho aprendido nos bancos escolares para colocar em pauta a diversidade de assuntos que pulsam nessa sociedade louca em que vivemos. Que fique claro. Ninguém precisa concordar comigo e nem ler as postagens se não quiser. Mas, se chegar ao final do post, respeite a minha opinião, assim como eu respeito a tua. Mesmo que não concorde. Se for contrapor, use argumentos e não xingamentos. Apesar de ambas as palavras terminarem em "mentos" a primeira pode convencer e mudar conceitos.
Também deixo claro que meu objetivo aqui é divulgar boas ideias, bons trabalhos e grandes iniciativas. Fazer um mundo melhor parte de cada um. Um dos temas que seguidamente será abordado aqui, é a educação. Outro, a diversidade - aceite ou deixe-me! Outro ainda, a inclusão e tudo que andar de mãos dadas com o que faz bem pra alma. Se tiver sugestões de tem, me manda. Compartilhar é crescer junto!
Partindo deste princípio, encontrei uma matéria muito bacana sobre a desconstrução da educação e de uma postura mais humana por parte dos professores que compartilho aqui como o exemplo da mudança que se faz necessária. Na vida, estamos sempre em processo de aprendizagem e a educação real é a única ferramenta que possibilitará um futuro melhor!
Jovens abdicam de vida social para participar do maior festival de
dança amadora da América Latina
Por: Liliane Pappen
Fim de noite e, enquanto milhares
de jovens saem das faculdades da capital com destino as suas casas, outros
tantos seguem um caminho diferente: O CTG.
São 23 horas e 12 pares se
preparam para mais um ensaio. O objetivo é conquistar a classificação para a
grande final do ENART – Encontro de Arte e Tradição – que acontece anualmente
em Santa Cruz do Sul, no centro do estado, em meados de novembro.
Na construção deste sonho, os
dançarinos do DTG – Departamento de Tradições Gaúchas – Lenço Colorado abrem mão de momentos em família, de compromissos sociais, dos amigos e, em
alguns casos, até mesmo dos relacionamentos.
Reunidos no centro do palco, os
jovens traçam metas e sonham com o domingo da final. Foram muitos desafios. A
primeira etapa foi vencida com suor e lágrimas na fase regional. Na inter-regional,
ocorrida no último final de semana em Venâncio Aires, a disputa foi ainda mais
acirrada. “Dançamos com outros 22 grupos que almejavam essa vaga, somente 10
passaram. Em cada fase precisamos fazer nosso melhor. Esse é o nosso espírito
colorado. Quando ninguém mais acredita, vamos lá e colocamos nossa alma e
coração”, afirmou o instrutor da invernada, Rinaldo Souto.
Começa o ensaio. No galpão,
localizado junto ao Parque Gigante do Sport Club Internacional, o tablado ecoa
os sapateios e sarandeios dos dançarinos enquanto o grupo musical canta o
levante – introdução da dança - de uma tirana. Antes das 2 horas da manhã,
ninguém descansa.
Temática da
apresentação
Em cada edição do festival, um
novo espetáculo temático é apresentado. Em 2013, uma das coreografias mais
marcantes do DTG Lenço Colorado foi encenada. O grupo abordou o viés histórico
das “mulheres guerreiras”. Estancieiras, criadas e escravas que, pela
necessidade da guerra, aprenderam a empunhar armas na defesa de seu lar,
enquanto os homens lutavam no decênio farroupilha.
Com o passaporte carimbado para a
semifinal, o grupo já trabalha na construção de um novo tema, mantido em
segredo até a pré-estreia. “Já estamos com a pesquisa em mãos e esse ano
pretendemos inovar. Vamos promover “spoilers” usando as redes sociais. Uma dica
aqui, outra lá e os fãs do Lenço vão construir nosso enredo ainda antes de
estrearmos”, contou Franciele Guterres Santin Haubold, coordenadora da invernada adulta.
Assim como o contexto da
coreografia, os trajes típicos também sofrem uma minuciosa pesquisa e retratam
a época e a classe social que os dançarinos representam. Conforme Rinaldo,
nenhum elemento é inserido na coreografia ou indumentária ao acaso. “Tudo
precisa ser estudado para que não haja descontos na hora da apresentação. O
tipo de tecido, as cores, os acessórios, a pilcha da prenda e do peão precisam
ser condizentes com o que estamos coreografando na pista. Por isso, uma extensa
pesquisa sobre o tema e os trajes é entregue à comissão avaliadora”, relatou o
instrutor.
O investimento financeiro também
é alto. De acordo com Liliane Poitevin Sales, agregada das pilchas – responsável pelas
finanças do grupo – cada traje pode custar mais de mil reais. “Nosso grupo se
caracteriza pelo perfil de estancieiros. Em nossas coreografias resgatamos a
história da nobreza gaúcha, por isso, nossas pilchas usam tecidos finos e
muitos acessórios, o que acaba onerando o preço final”, disse a agregada. A
composição dos figurinos conta com vestidos, sapatilhas, anáguas – saia de
armação, joias, botas, casacos, lenços, palas, ceroulas de crivo e bragas –
espécie de calção de veludo até a altura dos joelhos e usado sobre as ceroulas
que deixam os crivos (bordados) à mostra – elaborados conforme a temática da
apresentação, mas com um detalhe: assim como a coreografia, os trajes não serão
repetidos no ano seguinte.
Tradição em família
Abre a gaita e já nos primeiros
acordes a pequena Bibiana Hikari Andrade Niiho, prenda mini-mirim da entidade,
abre a saia rodada e começa a sarandear. Ela tem apenas 5 anos e cresceu dentro
do galpão. A mãe Laurelisa Andrade e o pai Kazuhico Niiho, dançavam na
invernada até 2014. Hoje, a pequena acompanha a dinda Carlisa Andrade, que
apesar da ruptura em um tendão do pé direito por causa da dança, só aguarda a
liberação do médico para voltar ao tablado.
O tradicionalismo está no sangue e no nome. Apesar da origem oriental – o pai é descendente de
japoneses – a menina foi batizada de Bibiana, referência à personagem do livro “O
tempo e o Vento” de Érico Veríssimo. Apaixonada pelas danças, Bibiana conhece,
uma a uma, as coreografias do grupo e imita, do lado de fora do tablado, os
passos das dançarinas.
Vestida de prenda com um dos modelos da invernada, especialmente feito para ela, e ostentando a faixa de Bonequinha do
DTG, Mirella de Oliveira Souza, de apenas 3 anos, acompanha a mãe nos ensaios. Filha
de Cristina de Oliveira Gonçalves, que participa do grupo desde 2004, e Leandro
Souza, a menina praticamente nasceu no Lenço Colorado.
Outro caso de tradição em família
é o da pequena Giovanna Laroca Melo do Nascimento, de 5 meses. Os pais, Gisele Laroca da Silva e Dobrasil Renato
Melo do Nascimeto não dançam, mas como patrões da entidade, acompanham todos os
ensaios. “É bonito de ver. Temos várias crianças que vem com os pais nos
ensaios e a Giovanna adora. Basta começar a música e ela já bate as mãozinhas”,
contou a mãe.
Liliane vai além na sua relação com a invernada. Ela conta que os filhos não dançam mais, mas mesmo assim, continua trabalhando em
prol do grupo. “Sinto como se eu tivesse uma missão junto ao Lenço e a esses
jovens. Quando eu cheguei, eles eram todos adolescentes. Hoje são adultos, cada
um com sua vida, mas com um sonho em comum. Um sonho que eu sonho com eles a
cada ano. Não é fácil. Temos imensas dificuldades financeiras e pessoais,
brigamos, discutimos e nos arrependemos, mas o bom de estar aqui é que, juntos,
formamos uma família. A família Lenço Colorado”.
Um amor para toda a vida
Juciandro de
Oliveira, 42 anos, é casado com Fabiana Grassi, a quem conheceu dançando em
invernada e com quem divide os tablados nos rodeios e festivais. O vendedor,
que dança há mais de 25 anos, já passou por CTGs como o extinto Estância
Farroupilha, pelo CTG Lanceiros da Zona Sul e hoje, aposta no Departamento de
Tradições Gaúchas do Sport Club Internacional, o Lenço Colorado.
Depois de um
quarto de século de dedicação à dança, Juciandro e Fabiana decidiram que era
chegado o momento de largar o grupo. Ensaios longos que adentravam as madrugadas,
compromissos profissionais e principalmente pouco tempo para o filho foram
fatores determinantes na decisão. Mesmo quando o pequeno Gustavo, 10 anos, os
acompanhava nos ensaios e rodeios, faltava o momento lúdico das brincadeiras.
Percebiam a infância do filho de esvaindo nas veias do tempo sem aproveitá-la.
Decisão tomada, comunicaram os demais integrantes da invernada que estavam se “aposentando”.
Entretanto, a
coceira nos pés não deixou o casal sossegado. Pouco mais de um mês depois da
saída, resolveram, por curiosidade, assistir a um dos ensaios de preparação
para a inter-regional. A paixão falou mais alto. O coração bateu mais forte e como
sempre, unidos, decidiram retornar. “Não
resistimos. Isso é uma cachaça, vicia. Vi o grupo e pensei... Vou dançar só
mais esse ENART”, conta Juciandro. De “só mais esse”, Juciandro e Fabiana
seguem colocando nas apresentações, toda a experiência e amor pela dança gaúcha,
acumulados ao longo de quase uma vida.
Classificados
para a grande final em Santa Cruz do Sul, Juciandro e Fabi são só sorrisos.
Unidos em todos os momentos, de crise ou alegria, o casal comemora a conquista
e afirma que para a felicidade ser completa só falta ficar entre os 5. “Daí,
danço mais uns 5 ENART’s”, afirmou Juciandro. O DTG Lenço Colorado torce por isso!
GALERIA DE FOTOS
Novo tema já está sendo preparado para os 30 anos do ENART - Foto: Deivis Bueno
Final do Enart acontece entre os dias 20 e 22 de novembro, em Santa Cruz do Sul
Ser gaúcho vai além da descendência, é um estado de espírito
Reunido, grupo traça estratégias para chegar à final
Perfil Lenço Colorado: Peões representam estancieiros da côrte gaúcha
Musical desempenha papel fundamental na hora do espetáculo
Três danças tradicionais são sorteadas poucos minutos antes da apresentação
Nos ensaios, filhos acompanham os pais e aprendem os primeiros passos de dança
Objetivo do grupo é ficar entre os 5 melhores do estado. - Foto: Deivis Bueno
Coreografia resgatou recortes da história da Revolução Farroupilha - Foto: Deivis Bueno
Ser humano é um bicho
engraçado. Naturalmente insatisfeito. Se chove, quer sol, se faz sol
reclama da falta de água, se tá calor, ama o inverno, se tá frio,
posta a saudade do verão. Haja psicologia pra entender tanta
insatisfação.
Isso sem contar a
supervalorização dos problemas, as eternas reclamações de “por
que isso acontece comigo”?, ou “o que foi que eu fiz pra
merecer”?
A verdade, é que nada
acontece por acaso. Poderia usar aqui, uma série de chavões sobre
plantar e colher, causa e efeito, ação e reação, mas a verdade é
que tudo acontece por algum motivo.
Hoje não foi um dia
bom. E daí? Se lamentar melhora o dia? Resolve o problema? Ficar
irritado facilita as coisas? Não!!! Ficar irritado só piora tudo.
Se vitimizar também. Sentir-se injustiçado pelo destino, pela vida,
pelo mundo, dificulta ainda mais.
Então, ao invés de
ficar se “coitadando” nas redes sociais e whattsapp, acorda e
agradece. Aprende a pedir menos e agradecer mais. Agradece pelo corpo
perfeito quando tantos são mutilados, pelo teto que te abriga quando
tantos dormem na rua, agradece os amigos, a família, a oportunidade
de evolução que todos os dias Deus nos dá como presente.
E na pior das
hipóteses, quando alguma coisa ruim acontecer, agradece também,
porque até um tropeço no caminho, te ajuda a andar pra frente.
Chico Xavier, com sua
grande sabedoria, disse certa vez: “Chora-se muito pelo pouco que
nos falta e ri-se pouco pelo muito que temos”. Ele tem razão,
afinal, A
gratidão acolhe mais bençãos do que o pedido!
Eu acredito!
Indefinível mulher, com tantas fases quanto a lua. Um tanto louca, um pouco santa, apaixonada e determinada em conquistar o que mereço. Amante da escrita, valorizo os detalhes, todos, mesmo os mais insignificantes. Chorona, me emociono até com comerciais. Acredito que a verdadeira beleza está na simplicidade. E sou assim, despida de vaidades efêmeras, sem nunca abandonar um bom perfume e a maquiagem. No mais, descubra-me, pois ainda estou no caminho da minha identidade.