quinta-feira, 26 de maio de 2016

O relevante futuro do jornalismo e o jornalismo do futuro

Há algum tempo, especialistas em comunicação têm discutido qual será o futuro do jornalismo. Crises econômicas e leitores cada vez mais voltados para o digital são alguns dos fatores que geram terríveis dúvidas sobre os rumos da profissão e seus conteúdos. Entretanto, a internet não é apenas um vilão. Do ponto de vista de alguns estudioso, é nela que habita a solução. Será mesmo?

O termo snowfall já é uma realidade. Atualmente, refere-se a um formato de reportagem multimídia, que engloba textos longos, imagens estáticas e em movimento, além de vídeos, hiperlinks e outras funcionalidades. O nome é referencia à primeira grande reportagem deste tipo, elaborada pelo New York Times e que contava, com riqueza de detalhes, a história de uma grande avalancha de neve no estado de Washington, norte dos Estados Unidos, que matou três atletas profissionais de snowboard. A interação do leitor com o formato da reportagem – quem lê sente-se imerso no conteúdo e consegue entender a história mesmo que pule algumas partes – transformou o formato em um grande sucesso que, além de premiado, serviu de modelo para renomadas empresas editoriais em todo o mundo.

No Brasil, empresas como a Zero Hora, Folha de São Paulo e Uol são alguns exemplos de utilização deste modelo. A ZH chama suas grandes reportagens de fôlego de especiais e, além de uma versão impressa, geralmente nos finais de semana, disponibiliza o material em sua página numa aba exclusiva para este tipo de conteúdo. A última grande matéria proposta pela ZH, trata dos atendimentos e das vidas salvas pelo SAMU. A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, também não passou em branco e foi alvo de inúmeras reportagens. A mais conhecida foi elaborada pelo G1, sob o título ‘A vida após a lama’, e relatou a realidade de quem perdeu tudo com o acidente. Em geral, utilizam-se plataformas como o Medium e o Atavist, sites que suportam o uso de diferentes mídias colocando-as em completa interação do conteúdo com o leitor e que podem ser utilizadas com acesso gratuito. No entanto, grandes empresas contratam designers e diagramadores para desenvolver seu próprio ambiente digital, oferecendo, em alguns casos, acesso exclusivo aos seus assinantes.

Mas enquanto alguns acreditam tratar-se o formato snowfall o futuro do jornalismo, muitos ainda o questionam. Entre as dúvidas que pairam no horizonte da comunicação multimídia, o custo deste tipo de reportagem e a necessidade de tempo e profissionais para a investigação da pauta são só as primeiras nuvens que prenunciam a tempestade. A utilização excessiva de mídias e os textos muito longos, em geral abordando ‘pautas frias’ também são questionados quando o assunto é jornalismo. Especialistas como Mandy Brown debatem sobre o alcance deste conteúdo e afirmam que jornalismo é ineditismo e novidade, e que por mais que estes conteúdos sejam bem elaborados e escritos com uma intimidade encantadora, elas merecem bem mais do que algumas horas de capa nos sites de suas empresas. Mas em dois ou três dias acabam relegadas ao esquecimento, soterradas sob as dezenas de títulos sobre política, economia ou celebridades.

Outra variável que precisa ser levada em conta quando o assunto é jornalismo multimídia, é a possível mudança no uso da internet no Brasil. Se o fim da internet ilimitada tornar-se uma realidade, as empresas brasileiras de comunicação precisarão mais uma vez se adequar à novidade, já que, certamente, os leitores pensarão duas vezes antes de acessar qualquer tipo de conteúdo, especialmente aquele que venha a consumir grande quantidade de dados da sua franquia.


A verdade é que quando o assunto é o futuro do jornalismo pouco, ou quase nada, está definido. A tecnologia oferece grandes e atrativas possibilidades, mas o que faz um conteúdo tornar-se relevante e despertar o interesse dos leitores é a forma como a matéria é escrita. E, creio eu, neste caso, a boa e velha apuração dos fatos, a seriedade na escrita e a paixão do jornalista jamais serão substituídos por qualquer ferramenta tecnológica.

https://benerodrigues.files.wordpress.com/2015/11/jornalismo.jpg


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Indefinível mulher, com tantas fases quanto a lua. Um tanto louca, um pouco santa, apaixonada e determinada em conquistar o que mereço. Amante da escrita, valorizo os detalhes, todos, mesmo os mais insignificantes. Chorona, me emociono até com comerciais. Acredito que a verdadeira beleza está na simplicidade. E sou assim, despida de vaidades efêmeras, sem nunca abandonar um bom perfume e a maquiagem. No mais, descubra-me, pois ainda estou no caminho da minha identidade.