quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Ser feliz ou ter razão?

Talvez eu já tenha escrito sobre esse tema - olhando agora e fazendo um retrospecto deste blog percebi que já escrevi muito mais do que me lembrava – mas ainda assim vale a reflexão. Nos últimos dois ou três anos, comecei a encarar algumas situações com um olhar mais crítico, reflexos da maturidade, creio eu, e, talvez por isso, eu tenha ficado tanto tempo sem publicar aqui (isso e a conclusão da faculdade, o início de uma pós, a criação de uma empresa e o trabalho constante associados ao início de uma pandemia, uma conta na Netflix, outra na Amazon Prime e, mais recentemente, uma assinatura da Disney Plus).

Mas a verdade é que tenho preferido ser feliz a ter razão, e só isso já é motivo suficiente para guardar minhas opiniões apenas pra mim – e, às vezes, para os amigos mais chegados.

Acho que a pandemia tem um ‘tiquinho’ de culpa nessa decisão, especialmente porque acabo tendo mais tempo – e cada vez menos vontade – de usar as redes sociais. Sério, gente, nos últimos tempos está difícil ser feliz e ter razão concomitantemente. Não sei se as pessoas estão inquietas por causa do distanciamento social, ou se a fantástica vida maravilhosa compartilhada nas redes tem provocado insatisfações, mas a verdade é que quase toda postagem vira motivo de ressentimento.

Como toda ferramenta, as redes sociais podem ser usadas para o bem ou para o mal; infelizmente, em muitos casos a internet tem revelado o pior de cada um, permitindo a disseminação de discursos de ódio e intolerância.

Às vezes, o post é sobre um assunto qualquer – sem cunho político ou ideológico – é apenas um sentimento, uma lembrança, um momento... mas a interpretação alheia (aliás, isso é assunto pra outro texto) já o transforma em motivo de discussão, nem sempre respeitosa.

Reitero: não sei o que nos trouxe até este triste cenário, acho que isso é assunto para psicanalistas, antropólogos e sociólogos analisarem, mas, diante de tanta intolerância e da enorme necessidade de alguns de exporem pontos de vista e opiniões que nem sempre agregam, eu escolhi, conscientemente, ser feliz ao invés de ter razão, até porque, nenhum argumento vai persuadir quem já está convencido.

Em um dos meus momentos de lucidez, afirmei que pontos de vista são como olhar para um rio: enquanto eu, do lado de cá da margem, afirmo que a água corre para a direita, quem está do lado de lá segue convencido que a correnteza flui para a esquerda. Se afastar da cena quase sempre nos dá outra perspectiva e nos mostra que é melhor a sabedoria do silêncio do que a esterilidade das palavras. No fim, o tempo e as circunstâncias mostram quem estava com a razão.



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Quem sou eu

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Indefinível mulher, com tantas fases quanto a lua. Um tanto louca, um pouco santa, apaixonada e determinada em conquistar o que mereço. Amante da escrita, valorizo os detalhes, todos, mesmo os mais insignificantes. Chorona, me emociono até com comerciais. Acredito que a verdadeira beleza está na simplicidade. E sou assim, despida de vaidades efêmeras, sem nunca abandonar um bom perfume e a maquiagem. No mais, descubra-me, pois ainda estou no caminho da minha identidade.