Depois que inventaram a palavra desculpa ficou fácil magoar os outros. É simples! Fórmula mágica. A gente magoa, fere, ofende e depois diz “desculpa”, e passa a agir como se nada tivesse acontecido.
É tolo quem acredita que um pedido de desculpas zera tudo. Quase tão tolo quanto quem acredita em Papai Noel! Outro dia vi uma frase no MSN de uma amiga que dizia: “Eu não sou o tipo que guarda mágoas, mas também não sofro de amnésia”! Achei fantástica! Ninguém sofre de amnésia quando se trata das próprias marcas.
Nós somos feitos de memórias, de lembranças boas e ruins. Alguns conseguem, sabiamente, perdoar os erros e seguir em frente, mas esquecê-los, tenho certeza que não! O fato é que ninguém precisa ficar remoendo, até porque a amargura é o prato de quem se propõe a conservar suas dores.
Desculpa, não é uma borracha escolar e atitudes, não são frases escritas a lápis sobre a qual basta passar a borracha, apagar e está tudo resolvido. Aliás, nem assim, pois mesmo quando apagamos uma frase no caderno da escola, a marca fica lá. Uma lembrança da bobagem que escrevemos. Conosco também é assim.
Quando se pede desculpas, a postura a ser assumida não é a da redenção, mas do arrependimento. E a lição que acompanha o pedido, é a de que devemos sempre evitar a mágoa alheia. O que é tratado não é caro, já me dizia um amigo de longa data. Ninguém erra com a intenção de errar (pelo menos eu quero acreditar nisso), entretanto, às vezes, um ato impensado coloca em xeque relações, até então, honestas e profundas (sejam elas familiares, de amizade, de amor ou profissionais).
Por fim, prefiro cultivar o hábito de plantar flores no jardim e a consciência tranquila, do que colecionar pedidos de desculpas.
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