Quando adolescente li um livro que me marcou muito.
Chamava-se "Pollyana". Como enredo a história de uma menina órfã que
vivia com uma tia amargurada que, por vezes, a destratava. Mas apesar de todos
os desgostos, Pollyana jogava um jogo que havia aprendido com seu pai, e que
ela chamava "jogo do contente". Por pior que se apresentasse a
situação, ela ainda encontrava um lado bom. Mesmo quando pediu uma boneca de
natal e ganhou um par de muletas, ficou feliz por não precisar delas... mesmo
com a morte de seus pais e a orfandade, ainda agradecia por ter uma tia (que
não era a melhor tia, mas era sua parente e por isso ela não precisou ficar no
orfanato).
Pollyana ensinou seu jogo à todos os moradores do vilarejo
que habitava e tornou-se referencial de bondade e alegria à quem a conhecia.
Por que relembro esse livro agora, depois de tantos anos? Bem, porque preciso
aprender (de verdade) a jogar esse jogo.
Ele complementa uma frase do Chico Xavier que gosto muito e
que diz: "Chora-se muito pelo pouco que nos falta e ri-se pouco pelo muito
que temos. De fato, preciso aplicar o Jogo do contente. Preciso não só
perceber, mas acreditar que tenho recebido bem mais do que mereço.
Me encontro diante de uma situação que muitas vezes me
impede de ver além. Estou tão obcecada pelo problema que nem consigo ver a luz
no fim do túnel (apesar de saber que ela está lá e que muitas pessoas tem contribuído
para mantê-la acesa). Mesmo sabendo que tudo na vida requer tempo, minha
paciência anda curta como manga de colete (lembrando que colete não tem
mangas!!)... ou seja, tá se acabando.
Então, creio que preciso incorporar a Pollyana e passar a agradecer
ainda mais as bênçãos, ignorando de verdade os percalços e as dificuldades. Se
eu me pergunto o por quê? Ou o que foi que eu fiz pra passar por determinadas
situações? Sim! Eu me pergunto constantemente, mas como Pollyana, agradeço por
passar por tudo, afinal, isso significa que ainda estou viva... e só isso já é
um grande motivo pra ficar contente. To aprendendo a sorrir pelo muito que tenho!
P.S. Tem um bocado de gente que devia ler
"Pollyana"
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