segunda-feira, 11 de julho de 2011

Certo ou Errado?

Não sou noveleira! Em geral não assisto novelas na televisão. Não porque não goste de histórias, mas porque percebo os fatos e finais muito previsíveis. No final, o bandido morre ou é preso, a mocinha se casa com o mocinho e eles vivem felizes para sempre como nos contos de fadas, outro papo que não engulo.

Mas, num desses raros momentos, que parei para ver algumas cenas da “novela das 8”, que nem ao menos é transmitida a partir das 8, chamou-me a atenção o que está acontecendo com a personagem do Gabriel Braga Nunes, o Léo, em Insensato Coração.

Depois de semear maldades novela afora, ele vem sendo castigado por uma de suas vítimas do passado. Sofre humilhações, é obrigado a comer como um animal os restos de comida, vive num quartinho imundo e úmido, mas ainda assim não perde a vaidade. Por fim, depois de uma de suas investidas perde um dos dentes da frente e junto com ele vai-se a sua auto-estima.

No capitulo que assisti, Léo mal conseguia engolir a comida pela falta do tal dente. Possivelmente, o Brasil inteiro ao acompanhar a cena, sentiu-se vingado. Eu, entretanto, me comovi e inclusive fiquei com pena. Não por achar que ele não mereça castigo, mas por perceber naquele enredo, até onde pode ir o ódio e o desejo de vingança. Pior, por entender o quanto a ficção pode influenciar a realidade.

Quantas vezes, magoados por alguém, não sentimos o mesmo desejo de ter a alma lavada com a desgraça de quem nos feriu? Quantas vezes não imaginamos o outro sofrendo, exatamente como um dos atores das novelas, para que aprendesse a lição? Mas a pergunta que ficou martelando enquanto eu assistia a humilhação do Léo na TV é, em que diferem as maldades da Norma e do Léo? Baseada em quê ela pode condená-lo? E quantas pessoas foram prejudicadas ao longo da estória para que ela alcançasse o seu objetivo de vingar-se? O ódio, em nenhuma circunstância é bom conselheiro, especialmente quando se tratam das paixões humanas (se é que se pode confundir doença com paixão...)

A meu ver, Norma se iguala ao seu algoz, acobertada pela desculpa sórdida da vingança, tornando-se ainda mais vilã, assumindo o prazer insano de revidar. É doença esse desejo de subjugar o homem que a magoou. E não me digam que isso é amor, quem ama não deseja o mal, mesmo quando traída. Talvez até, quem foi ferido, nunca esqueça, mas ignorar às vezes machuca mais do que vingar-se.

Mas a pergunta que ainda não me respondi é, será que eu devo permitir que meu filho assista tal novela? As crianças aprendem com o exemplo, e eu sei que a novela é apenas ficção, mas os pequenos também sabem?



2 comentários:

  1. Ta a cada dia melhor teu blog meu amor. Assuntos pertinentes da sociedade. Fantástico...vou colocar no meu blog para lerem este aqui ...muito bom

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  2. Oi Lili, tenho acompanhado o teu blog e posso dizer que esta "de fundamento".
    Muito bons os textos e os assuntos abordados.

    Este post em questão retrata muito bem a questão de alguns (muitos) brasileiros não acompanharem novelas, pois a novela é algo que pouco (ou nada) nos acrescenta de bom.

    Mais uma vez parabéns.

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Quem sou eu

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Indefinível mulher, com tantas fases quanto a lua. Um tanto louca, um pouco santa, apaixonada e determinada em conquistar o que mereço. Amante da escrita, valorizo os detalhes, todos, mesmo os mais insignificantes. Chorona, me emociono até com comerciais. Acredito que a verdadeira beleza está na simplicidade. E sou assim, despida de vaidades efêmeras, sem nunca abandonar um bom perfume e a maquiagem. No mais, descubra-me, pois ainda estou no caminho da minha identidade.