domingo, 17 de julho de 2011

Pai...

No meu último texto, escrevi sobre o controverso mundo de pais e filhos, abordando a divergência nos conceitos educacionais entre as gerações. Escrevendo sobre isso, lembrei-me do meu pai. Entendi que devia prestar-lhe uma justa homenagem, escrevendo sobre ele.

Meu pai faleceu a 6 meses, teria completado 72 anos em junho, mas Deus decidiu dar-lhe o merecido descanso no dia 18 de janeiro de 2011. Ele morreu em casa e apesar de adulta, com mais de 30 anos, eu não estava preparada para perdê-lo. Ainda precisava dele. Sempre precisarei.

O Manoel, como eu gostava de chamá-lo, foi desses caras que tira sarro da vida.  Aprontou mil e uma peripécias e sempre tinha uma estória engraçada pra contar. Conhecia todas as piadas do mundo e adorava a fartura de uma mesa cheia. Na juventude foi um boêmio.
Meu pai não era o melhor do mundo, mas era o único que eu tinha e, apesar de nunca ter dito, sempre fui ligada a ele. Respeitávamos-nos, não como pai e filha, mas como índios da mesma tribo. Até na hora de partir, meu pai me escolheu.

Só depois que ele se foi, me dei conta de quantas coisas deveria ter-lhe dito. Do quanto devia tê-lo abraçado mais. Devia ter-lhe beijado a face não só nos aniversários e natais, mas em cada manhã, porque ao contrario da minha vã concepção, meu pai não foi eterno.

Hoje eu não posso abraçá-lo e a saudade é presença constante. Em cada rosto idoso que passa por mim na rua, em cada andar com dificuldade, eu vejo um traço do meu pai. Meu pai foi um guerreiro, lutou por muito tempo contra a enfermidade física, mas teve uma fé inabalável em todos os momentos. Ele me ensinou valiosas lições, mas a mais difícil de aprender, ele ensinou depois de partir... Ensinou-me que não devo deixar para depois o que pode, e deve, ser feito agora, porque o depois pode demorar demais, ou não chegar nunca. Ele me mostrou que o tempo cicatriza as feridas, mas não cura a saudade.

Meu propósito não é dar lição de moral e muito menos, dizer a alguém como agir, porém, é muito difícil ver partir quem amamos, então, sempre que possível, aproveite as oportunidades que a vida oferece de viver os momentos que um dia, poderão tornar-se as melhores lembranças de sua vida. Não perca a chance de dizer o quanto ama. Pode parecer insignificante, mas fará toda a diferença pra quem é tão importante, muitas vezes sem saber.


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Indefinível mulher, com tantas fases quanto a lua. Um tanto louca, um pouco santa, apaixonada e determinada em conquistar o que mereço. Amante da escrita, valorizo os detalhes, todos, mesmo os mais insignificantes. Chorona, me emociono até com comerciais. Acredito que a verdadeira beleza está na simplicidade. E sou assim, despida de vaidades efêmeras, sem nunca abandonar um bom perfume e a maquiagem. No mais, descubra-me, pois ainda estou no caminho da minha identidade.